terça-feira, 30 de outubro de 2007

Grande Juremir e Grande Baudrillard

Belíssima teoria. Ontem na aula de Crítica de Mídia tivemos um debate sobre um livro do Baudrillard, Tela Total. Um conjunto de artigos bem complicados que me deixaram louuca quando fui tentar entender o que ele queria dizer. Até cheguei a chingar Baudrillard em momentos de desespero para enteder que a potência do virtual também é virutal. Enfim, lá nas tantas do debate, que estava realmente interessante, falando sobre feminismo, Juremir explica que o que Baudrillard estava querendo dizer: Ele afirma que as mulheres quando não tinham os mesmos direitos dos homens queriam porque queriam igualdade. Depois que adquiriram isso acabam reclamando porque o homem perdeu seu posto de homem, ou seja, sua virilidade. Mais ou menos isso, é claro que eu não vou saber explicar nem me expressar como o Juremir. Enfim, o engraçado foi que, dito isso, eu e as gurias concordamos com Baudrillard. O mesmo que a gente estava reclamando por não entender nada. Isso porque identificamos com nosso assunto preferido de todo santo dia: homens fazidos, homens sem atitudes, homens "mulherzinhas".E nós, no fim, que viramos os homenzinhos da situação. É isso mesmo. Acabamos ligando a teoria do renomado francês com o assunto predileto das mulheres: homens.


Bom mudando de assunto completamente, já que estamos na aula de ontem e no Baudrillard quero ressaltar algo que eu achei muito interessante. Uma discussão perfeita para os dias de hoje com toda essa tecnologia: Quem é superior o homem ou a máquina? Muitos dirão a máquina, pois ela é perfeita. Mas o que Baudrillard afirma é que justamente pleo homem ser imperfeito é que ele é superior a máquina. É como em um jogo de pôquer, por exemplo, o homem sempre será superior a máquina pois ele sabe blefar e a máquina não, pois ela é uma programação. A partir dos erros humanos é que o homem pode criar uma nova tecnologia e estar sempre em aperfeiçoamento.

Adorei.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

"Porque o sonho é o grande e necessário transformador do possível"

Eu tirei minha carteira de motorista em agosto e até hoje minha mãe acha que se eu pegar o carro sozinha vou matar alguém. Mas não por não saber dirigir mas porque eu sou muito desligada. Quem me conhece sabe que eu sou bem perdida. Se me perguntam nome de ruas ou como chegar em algum lugar com certeza não vou saber responder. Eu viajo no carro. Fico ouvindo músicas e sonhando acordada. Mas isso acontece em qualquer lugar do mundo. Eu tenho uma imaginação bem fértil. Tudo bem que por um lado isso é ruim, por exemplo não ver a placa de pare ou “viajar” na aula e quando volto à realidade perco metade do conteúdo. Porém, eu acredito que sonhar é essencial. Talvez seja por isso que eu goste tanto de cinema, porque eu saio um pouco desse mundo, que convenhamos é completamente decepcionante! Tu tem o poder de viver outro mundo, outra vida, outras personagens. Faz tão bem. Até mesmo os filmes dramáticos, depois de vê-los, tu pensa “como eu sou ridícula achando que minha vida não é tão boa”. Eu sou conhecida pelas minhas amigas e amigos como a desligada, a perdida. Tudo bem, eu sou mesmo. Ta certo que as vezes chega a ser exagerado, mas eu acho que as pessoas devem viajar, se perder, sonhar bem mais. A gente precisa de um pouco de fantasia nessa vida, nesse mundinho, muitas vezes insuportável.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Grande e eterno Vinicius....

O HAVER

Vinicius de Moraes


Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai-os! porque eles não têm culpa de ter nascido...

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo quanto existe.

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.

Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história.

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e o mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de si mesmo e de sua força inútil.

Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante

E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória
Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa curiosidade
Pelo momento a vir, quando, apressada
Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante
Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem-amada...

Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Número 2 o senhor não está comendo!

Tropa de Elite já era polêmico antes mesmo de estreiar, devido ao esquema de pirataria que envolveu o filme. Porém, depois de vê-lo você percebe que ele é mais ainda. A história é completamente envolvente e agoniante. Mostra toda a corrupção e violência que existe, não somente nas favelas, mas dentro dos departamentos (Polícia Militar, por exemplo), os quais foram designados para proteger os cidadãos brasileiros. Na obra, José Padilha não tenta fazer aquela separação de mocinhos e bandidos. Ali todos são seres humanos, que passam por dificuldades, que nasceram e viveram em ambientes diferentes. Claro que ao assistir o filme o espectador fica indignado. Os polícias militares fazendo acordos com os traficantes, garotos da classe média-alta envolvidos com drogas e financiando o tráfico, etc. Tu sai da sala de cinema com outa visão. Obvio que toda essa problemática ja existia (e ainda existe) antes do filme surgir. Porém, as cenas, feitas com a camêra na mão, o que da um aspecto mais real, faz com que o público acabe "interagindo" e se envolvendo com a história. É um filme de ação, mas com certeza dramático. As personagens principais foram interpretadas de uma maneira mafnífica pelos atores. Wagner Moura está maravilhoso no papel de Nascimento. Ao mesmo tempob que é frio, violento e revoltado, ele é apenas um ser humano que acredita no seu trabalho e sofre com o mesmo, com sentimento de culpa. Outros atores que se destacam são André Ramiro e Caio Junqueira, que interpretam os aspirantes da polícia militar que entram para o curso do BOPE. A obra é maravilhosa e vale a pena assistir. Com certeza será um filme que ficará marcado na história do cinema brasileiro. Se não for pelo filme em si, com certeza vai ser pela polêmica e todo esquema de pirataria. Mas acredito que vá ser sim, pela história e maravilhosa filmagem.

Ah estou apaixonada pelo Wagner Moura, vou me casar com ele quando eu crescer. E tenho que falar que no meio de tanta violência e terror do filme, tem certas cenas com um humor negro e irônico que da até pra dar umas risadas. Quando assistirem vão entender do que eu estou falando. Adorei.

"Tropa de elite osso duro de roer, pega um pega geral, também vai pegar você."

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

não existe título para isso

Porque as pessoas insistem em fazer o oposto do que dizem? Não é mais simples as vezes dizer "não sei", ao invés de falar sim e depois acontecer o não?! Tenho certeza que o tal do "mal olhado", "praga", ou sejá lá o nome que for, existe. Quando vem uma notícia ruim, ela nunca vem sozinha. Tu tá lá, em um mar de rosas, tá tudo muito bem, ta te divertindo como nunca e derepente PUM!, tudo muda. Mas acho que é assim que funciona né?! A gente vai quebrando a cara, denovo, denovo e denovo. Dizem que com isso a gente vai aprendendo e chega um ponto que ficamos imune e sabemos lidar com determinadas situações. Isso eu posso afirmar que é verdade. Mas mesmo assim a gente sempre vai sentir, porque lá no fundo foi onde tu guardou aquela lembrancinha, afinal, a gente nunca esquece, simplesmente aprendemos a não lembrar. Aqueles momentos ficam lá, guardadinhos, e sempre tem algo pra trazer tudo a tona. Mas tu já aprendeu a não lembrar certo?! Então tudo bem. Se tu te esquecer, com certeza reaprende. Talvez seja como meu pai diz: "Algo melhor tá guardado pra ti". É, pode ser que sim. Mas de tantos tombos já devo estar imune, deve cicatrizar rapidinho. O que é mais uma cicatriz no meio de várias outras. Não e nada, nada mesmo.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Lembranças que voltam...

As vezes as coisas, pessoas, que tu nem se lembra mais, que nem faz mais parte da tua vida, derepente dão um sinal de existência e te abalam por algo completamente banal, que na verdade não vai mudar nada. Mas mesmo assim tu te irrita, tu te emociona, tu lembra. Arrumando meu quarto encontrei o dvd da minha formatura. Aquilo me trouxe lembranças de um tempo que não volta mais e que jamais vai ter igual. A minha turma, a mesma desde a quinta série, com algumas pequenas mudanças,era a mais vagabunda de todas. Na verdade não sei se essa é palavra mas, com certeza era a mais divertida. No último ano,quando deveríamos estar nos preparando para o vestibular, a turma 301 estava querendo fazer votações nas aulas de química e participar das gincanas do colégio.A turma que os professores odiavam em dias de provas mais do que qualquer outra. O lado das gurias (onde eu estou incluída), aquelas que conversavam todas as aulas, gritavam, riam, cantavam, no dia de prova era uma loucura. Todas espremidas de um lado da sala loucas para dar uma coladinha, principalmente nas provas de matemática (pelo menos de minha parte). Era papel voando, a professora gritando e a gente fazendo cara de inocente. Era a turma mais unida de todas,apesar de viverem em eterna guerra devido a assuntos como ligar ou não o ar, os guris mandando as gurias calar a boca e vice-versa. Tudo bem 301 não bombou muito no vestibular, isso eu tenho que admitir, mas quer saber?! que se foda. Faço minha particular bem feliz e adoro (ainda bem que tenho o privilégio de poder pagar uma, caos contrário não falaria isso). Penso na minha turma como uma família, mesmo sabendo que ela não faz mais parte da minha vida, assim como muitas outras pessoas, mas que deixaram sua marca para sempre. Eu agradeço pela turma perfeita que eu tive. Com certeza foram os momentos mais felizes da minha vida. Claro que outros virão, mas como esses?! acho que não. E pode ter certeza que está para nascer uma outra 301. As outras que me perdoem mas a nossa turma era a mais legal. Podem negar e dizer que não, mas eu tenho certeza disso. Todos vão sempre considerar a sua turma a melhor, mas lá no fundo, todo mundo sabe que a família 301 é a que fica!São momentos, pessoas que por mais que passe o tempo e a gente não pense mais, que cada um já tenha tomado um rumo diferente, tem coisas que a gente simplesmente não esquece.

Aqui está meu momento de melancolia para a minha querida turma do colégio. Para aqueles que tiveram a honra de compartilhar esse momento comigo só digo uma coisa: "Eu perguntava do you wanna dance..."

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Meu mundinho (in)feliz.

Eu estava irritada na sexta-feira a noite porque não queria ficar em casa e a noite que eu queria ir fiquei me enrolando e não consegui ingresso. Então resolvi “filosofar um pouco”. Me deparei com um video no youtube (http://www.youtube.com/watch?v=xON22c7pZ6c) sobre o genocídeo de Rwanda de 1994 e, mais uma vez, percebi que insisito em viver em um mundinho rídiculo, fútil, imbecil. Sim somos idiotas que não fazemos nada para mudar o mundo. Sim! Eu sou um desses idiotas que preenchem esse planeta. O que aconteceu em Rwanda foi uma Guerra de etnias, onde até mesmo os pertencentes da mesma etnia se mataram. Em 1993 Hutus e Tutsis firmaram o acordo de Arusha para “compartilharem” o poder e viverem em paz. Porém, isso não durou muito tempo. Os Hutus ortodoxos montaram um “golpe” (palavra um tanto fraca para o que aconteceu) e iniciaram uma Guerra contra os Tutsis e contra a própria etnia. Sim! O que eles afirmavam é que todos os Tutsis deveriam ser mortos como “baratas” e todos os Hutus moderados também. Quando o massacre se iniciou o mundo simplesmente se virou de costas para Rwanda. Talvez nunca se saiba quantas pessoas morreram. Calcula-se que entre 800.000 e 1.0000, o que equivale a 11% da população total. O mundo está um caos, pessoas se matando para que? Poder? E o que mais? É tão difícil assim viver em paz?! E não digo somente da África. Pegue o exemplo do Brasil, onde as “autoridades” (corruptas) não conseguem entrar na favela da rocinha porque os criminosos simplesmente comandam aquela area e possuem armamento que nem o exército tem. O que sobra para as pessoas que vivem naquela região é serem considerados criminosas também e morrerem apenas por viverem no lugar errado e estarem no momento, na hora e no local errado. Daqui a pouco estaremos vivendo um genocídeo como o de Rwanda, matando uns aos outros. Chega ser hipocrisia da minha parte de me indignar. Eu não tenho esse direito. Eu não posso ficar aqui falando o que está errado se eu não faço nada para mudar. O que me resta? Voltar para o meu mundinho e ficar preocupada com a noite que eu vou? Eu juro que eu não sei. Mesmo se eu quisesse fazer alguma coisa por onde eu começaria?! Será que o mundo tem jeito? Será que ainda existe esperança para tudo isso? Eu só espero que, de alguma maneira, isso que eu escrevi sirva para as pessoas se questionarem (assim como eu) e se perguntarem será que vale mesmo ficar brigando nas noites porque o "guri ali tava me bocando”, ou “bá to muito irritada, não quero ficar em casa hoje?!" Pensem nisso. Isso pode ser um pensamento completamente pessimista mas no fundo eu tenho um certo otimismo porque eu continuo nessa mania de acreditar no lado bom das pessoas. Claro que eu não quero pegar minhas coisas, convidar todo mundo e ir lá salvar o mundo. Amo meu mundinho ridiculo, me divirto demais nele, mas me irrita essa minha hipocrisia e as vezes preciso “desabafar” em algum lugar. Se 2% do que eu falei aqui servirem para dar uma “luz” sobre os podres do mundo, talvez, possa ser um começo...quem sabe.